Propostas de ação

Conhecer para melhorar. Com esse princípio, o Inaf oferece a possibilidade de aplicação da pesquisa em um território específico (um município, por exemplo) ou em um grupo institucional (colaboradores de uma empresa, por exemplo). Saiba como, nesta página.

Empresas

O trabalho também pode educar

O case Natura mostra que é possível o setor privado colaborar com alfabetismo de seus empregados

Os cosméticos da Natura chegam às mãos dos consumidores por meio de um batalhão de 1,2 milhão de consultoras, que prestam serviço em todas as regiões do país. Não é difícil concluir que, quanto mais qualificadas as vendedoras, melhor para o negócio da empresa. Mas a Natura não está preocupada apenas com as vendas. Ela investe no desenvolvimento pessoal das consultoras. Para isso, o Instituto Natura, braço social da organização, busca maneiras de conhecer melhor o universo desse grupo de mulheres. O objetivo é oferecer a elas oportunidades de formação cada vez mais alinhadas às suas necessidades.

Uma das estratégias adotadas em 2019 para aprimorar esse diagnóstico foi a aplicação do teste do Inaf a uma amostra de consultoras representativa desse universo nas 5 regiões do país. A iniciativa permitiu à Natura desenhar uma série de ações formativas, como a oferta de bolsas para graduação, curso de educação financeira e curso preparatório para o Exame Nacional de Certificação de Competências para Jovens e Adultos (Encceja). A ideia é realizar a prova a cada dois anos como ferramenta de monitoramento dos avanços conquistados.

As ações educacionais da Natura começaram com o programa Crer para Ver, em 1995, círculo virtuoso no qual a empresa abdica dos lucros de uma linha específica de produtos e o recurso é reinvestido em programas educacionais para a sociedade. Quem comenta é David Saad, diretor-presidente do Instituto Natura:

A intenção é melhorar a condição geral da população e, com isso, também a vida das consultoras. Mais recentemente, tentamos acelerar esse processo oferecendo ações de desenvolvimento educacional diretamente às consultoras. Trata-se do projeto Educação CN ou Educação para as Consultoras Natura. O Inaf é um dos instrumentos que nos permite conhecer mais de perto cada uma delas e, com isso, adequar nossas ações. Toda a experiência institucional acumulada nesse processo está à disposição de quem queira fazer o mesmo, basta nos procurar.

Se você é empresário ou trabalha na área de desenvolvimento profissional, avalie a possibilidade de ter o Inaf como mais um instrumento de diagnóstico dos seus funcionários ou colaboradores.

Podcast: Inaf e as consultoras Natura

Sociedade civil

A importância do letramento para toda a sociedade

O Inaf, ao traçar um panorama dos níveis de alfabetismo da população brasileira adulta, destaca a necessidade premente de implementar políticas públicas e iniciativas da sociedade civil para garantir o direito de todos os brasileiros à cultura letrada e à sociedade da informação.

Embora o número de analfabetos tenha diminuído significativamente no Brasil ao longo das últimas décadas, o analfabetismo funcional continua a ser uma realidade preocupante, afetando indivíduos com ensino médio ou até mesmo com ensino superior. Ao trazer estas evidências, os dados do Inaf permitem afirmar que o aumento da escolaridade da população brasileira não tem assegurado a todos o domínio das habilidades de letramento e numeramento que compõem o alfabetismo.. 

O letramento, numeramento e o domínio digital aplicados às práticas sociais requerem o desenvolvimento e a consolidação de habilidades que vão além do ambiente escolar e que estão presentes em diversas situações do cotidiano. Para além de decodificar textos, números e acessar informações, envolvem o desenvolvimento da capacidade avaliativa e crítica diante dos conteúdos acessados. 

Baixos níveis de alfabetismo limitam o desenvolvimento dos indivíduos, suas famílias, comunidades e territórios, nas mais diversas esferas da vida em sociedade: trabalho e geração de renda, prevenção e cuidado com a saúde, consumo consciente e preservação do meio ambiente, valorização, fruição e produção de cultura, acesso a direitos, participação social e política, entre outras. 

Os dados do Inaf mostram ainda que os baixos níveis de alfabetismo incidem com maior frequência nos segmentos sociais menos favorecidos, alimentando ciclos de desigualdade e exclusão.

A inserção plena de todas as pessoas em uma sociedade letrada exige um trabalho conjunto entre diversos atores da sociedade civil torna-se essencial. Uma aprendizagem de qualidade deve ser universalizada, garantindo que todos  alcancem o pleno nível de alfabetismo funcional. Isso requer um esforço conjunto de toda a sociedade, incluindo, além dos governos e das instituições educacionais, a atuação de organizações da sociedade civil, famílias e empresas, para promover uma cultura letrada e proporcionar oportunidades equitativas  de desenvolvimento integral para todos os cidadãos.

Nesse sentido, o Inaf é um indicador que possibilita compreender a situação do alfabetismo brasileiro, servindo como parâmetro capaz de contribuir para a mobilização da sociedade civil na construção de ações específicas e estratégicas que visem a  ampliação e melhoria do alfabetismo de jovens e adultos. É por meio do trabalho conjunto entre todos os agentes sociais que poderemos superar o desafio do analfabetismo funcional e construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

Academia

Dados em profundidade

A cada edição, o Inaf enriquece sua base de dados e abre possibilidades para estudos acadêmicos

Os dados globais do Inaf informam periodicamente a sociedade sobre as taxas de alfabetismo funcional da população de 15 a 64 anos. Mas a pesquisa vai muito além dos números consolidados. A cada edição, a equipe do Inaf aprimora os questionários e especifica recortes que permitem medir o alfabetismo de acordo com características particulares. Hoje, é possível saber, por exemplo, como o alfabetismo funcional se comporta no mundo do trabalho, como se relaciona com o uso de tecnologias e como é influenciado pelo nível das competências socioemocionais da população. Esse grau de detalhamento oferece subsídios cada vez mais precisos para a formulação de políticas públicas ou de iniciativas focadas no combate às desigualdades.

O exemplo dos conhecimentos obtidos a respeito das competências socioemocionais ocorreu no Inaf 2015, quando, em parceria com o Instituto Ayrton Senna, foram coletadas informações que permitem compreender a relação entre alfabetismo funcional e competências como abertura ao novo (curiosidade para aprender, imaginação criativa, interesse artístico), autogestão (responsabilidade, determinação, persistência, foco e organização) e autoconceito (estabilidade emocional, autoestima, autoconfiança e protagonismo). Os resultados também indicaram como essas competências interferem em outras realizações na vida, como escolaridade e remuneração.

As análises feitas na ocasião estão disponíveis no Estudo especial sobre alfabetismo e competências socioemocionais na população adulta brasileira e indicam que as competências socioemocionais podem ser um importante aliado da educação para superar lacunas e desigualdades entre o desenvolvimento em contextos favorecidos e desfavorecidos, em termos de nível socioeconômico.

Todos os dados levantados pelo Inaf podem ser disponibilizados para a realização de estudos acadêmicos. Se você tem interesse nas bases de dados, envie um e-mail para contato@alfabetismofuncional.org.br

Gestão pública

O Inaf de populações específicas

Indicador pode gerar dados para subsidiar políticas públicas mais focadas

Ao longo de sua história, o Inaf também vem fazendo escola em diversas frentes da gestão pública. O indicador é considerado uma ferramenta valiosa no diagnóstico e monitoramento da situação educacional de populações específicas. Bons exemplos disso foram a aplicação do indicador no Rio Grande do Sul e na população carcerária do Estado de São Paulo, em 2006. Os resultados deste último podem ser verificados neste relatório, produzido em parceria com a Fundação de Amparo ao Preso (Funap) e o governo de São Paulo.

Em 2007, o Inaf passou a ser um dos principais indicadores utilizados por gestores educacionais e entidades da sociedade civil, signatários do Compromisso de Campinas pela Educação, no município do interior paulista.

Outra iniciativa que merece destaque foi o uso da matriz de referência do Inaf na confecção de itens para o Questionário Brasileiro de Letramento em Saúde. A formulação do instrumento foi realizada pela Dra. Luanda T. M. Santos, durante o desenvolvimento de sua tese de doutorado na Universidade Federal de Juiz de Fora. A tese pode ser baixada neste link.